sábado, 27 de junho de 2009

A floresta em sua casa, exemplo de leitura psicanalítica da arte?

Maria Judite de Carvalho, A Floresta em casa, in Idólatras, 1969 (ler texto completo aqui ou ler texto e comentário aqui)

"Muito tempo depois, já homem, já casado, voltou ali. Meteu a velha chave na fechadura, abriu a porta que o tempo emperrara. Um cheiro estranho a bafio. Seria mesmo a bafio? Entrou devagar, foi entrando, e a primeira porta que abriu foi a da sala e a primeira coisa que olhou foi a tela. Lá estava o leão com o seu ar caricatural e perigoso, e as corças e o macaco, e Gilles teve então de acreditar na tia que durante anos e anos lhe dissera que ele fora uma criança demasiado imaginativa. O pai tinha sim­plesmente enlouquecido e morto primeiro Alex, depois a mãe. Os corpos, assegurava ela, tinham sido encontrados mais tarde num barranco. Agora Gilles, ali em frente da tela, já não tinha razão para duvidar da tia nem dos médicos que haviam internado seu pai no manicómio. Mas sentia-se pro­fundamente decepcionado e arrependido de ter vindo."

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